Indefinição

Oiço o som daquelas palavras que se insinuam, ao longe. Observo a ténue esfinge, forte e intensamente provocadora. É um calor que invade e destrói, que faz avançar e recuar.

Construo com a minha mente, as formas que culminam pretenciosas, na escuridão. Empurro esta porta, a seguir outra e mais outra, incesantemente..às voltas num labirinto, no qual me sinto segura porque sei que a descoberta nunca mais acabará. Há um foco que aponta para um ser completamente único e oculto. Há um rasgo no pano, uma flor caída, uma ilusão criada. É esta a hora, em que subo para o palco, devo actuar, e o que espero? ..porra que me "mandem à merda", que "parta uma perna"..ou simplesmente que seja feliz! Subam o pano. Vejam a obra que criei, com as minhas mãos, deixem-me que a descreva..é tão linda, tão mágica! Na verdade sei que a criei, mas não é minha. Porque é bela, quero dá-la ao mundo. Não serei egoísta.

Vejo-me insegura e sem argumentos, perante tão bela obra de arte. Também sei que ainda não está terminada. Por isso, peço que me ajudem a colocar pedra sobre pedra. Já sei o que dirão: "é uma loucura", ohh sana loucura, que me atrai e me faz tremer. É o brilho no olhar, a face inquietante..que temo, mas desejo, tanto que até me sinto capaz de deixar fluir o rubor. Sufoco a cada instante, respiro profundamente ao mesmo tempo que puxo para mim, o sol. Toco-o e deixo que penetre em mim aquela força divina!

Será que posso unir estes dois pontos? Será que posso formar uma recta e outra, e traçar um plano? Talvez sim, talvez não. Mas quero e posso erguer o mais magestoso dos palácios, onde plantarei pomposos circulos, torneados com salpicos de cor. Isto tudo um dia farei..por agora, apenas traço numa folha de papel branco, um ponto! Agarro a pedra com força e convicção. Isto pode ser apenas um sonho, uma fantasia, que conquisto a cada instante, e se assim é, por favor não me acordem. Não sei se estou preparada! Estou preparada??